segunda-feira, 18 de julho de 2011

A minha felicidade é um absurdo!


A minha felicidade é um absurdo! Não obstante tenho lapsos de felicidade como todo bom homem que ignora a tristeza alheia.
Ora, senão é este o motivo que nos impede de vivermos em prantos: A ignorância.
Imagine o que seria do mundo se todos tivessem consciência da dor do outro.
Porque ao passo em que escrevo muitas pessoas morrem, sentem fome, frio, medo, dor; o fato é que ignoro tudo isto enquanto estou sentado sobre um macio colchão e sinto a leve brisa do ventilador que estar em meu quarto.
Ao contrário, se eu me abstraísse e tentasse imaginar a dor daquele garoto que sofre por falta de alimento, se eu por um momento sentisse a dor da menina que foi estuprada, ou do filho que perdeu o pai, e de todos aqueles cuja dor genuína se faz presente, provavelmente em prantos eu juntar-me-ia a todos eles.
E por que não faço isso? Por que não fazer isso?
Porque sou egoísta!
Pensar em minhas contas, planejar a viagem do final de semana, estudar Sartre ou um tratado de lingüística, ligar para aquela linda garota que conheci no shopping, enfim, é fácil conviver com o fato de que enquanto eu vivo, outras pessoas morrem e junto com elas outras milhares sofrem junto! Não é? Ou você estava chorando agora pouco?
O que é a minha dor para você? E o que a nossa dor para o mundo?
Será que desde sempre o homem conseguiu ser feliz mesmo sabendo que seu semelhante não esta?
Se você se sente um pouco culpado eu tenho uma proposta:
Permaneça com fome quando senti-la, durma no chão às vezes, sinta o frio e o desalento da noite de vez em quando, não evite a tristeza, prive-se de prazeres...
Parece loucura não é? Porque afinal de contas você lutou para conseguir tudo que tem e se outras pessoas sofrem não é culpa sua, e você não tem nada que sentir o sofrimento deles! Puro egoísmo! Eu mesmo vou fazer um sanduíche e em seguida assistir meu seriado predileto na minha confortável poltrona, depois vou tomar um banho quente e dormir na minha confortável caminha... Vai ver que aquilo de achar que minha felicidade é um absurdo é tudo balela! Santa ignorância.
Boa noite!

sábado, 16 de julho de 2011

Ao Querido Açude Velho



Como é agradável passear
Às margens do querido açude cor de lodo
Este belíssimo verde singular
Que nos apetece tão somente
Não faz distinção ao felicitar
O mais rico ou o mais pobre transeunte!

Esta imensidão de beleza e opulência
Diariamente, ponho-me a observar.
As damas com seus cheiros proeminentes,
A decomposição dos peixes, inertes a boiar,
Resultam numa peculiar essência
Que inevitavelmente me impele a vomitar!

À noite o espetáculo engrandece
A lua às águas empresta o brilho
O ébrio, a meretriz, o maltrapilho
Regozijam-se da vida sem querer
Numa felicidade vã enlouquecida
Que riqueza alguma pode trazer!

Oh! querido açude mal cheiroso
O prazer e a repulsa em ti se encerram
Passarás, assim, dia após dia, eterno
Reunindo sempre ao teu redor
Os filhos desta terra cansada
Que, como teus peixes, um dia morreram só!

Campina Grande, 21/11/07